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Descubra o que é Ceratocone, quais as causas, sintomas e tratamentos
Você sabia que uma visão borrada ou distorcida pode ser sintoma de uma doença rara, de caráter hereditário, e que se manifesta principalmente entre os 10 e os 25 anos de idade? Estamos falando aqui do ceratocone, doença ocular progressiva, que se não tratada de forma eficiente pode levar a perda da visão.
Neste artigo vamos conhecer tudo sobre a doença que acomete cerca de 150 mil pessoas por ano no Brasil, as causas, os sintomas, e entender como podemos tratar o ceratocone.
Será que existe uma forma de prevenção eficaz? Saberemos mais adiante.
O que é Ceratocone?
Como já falamos, o ceratocone é uma doença ocular, não inflamatória, e que afeta o formato e a espessura da córnea, provocando a percepção de imagens borradas ou distorcidas.
Se formos buscar a sua etimologia, veremos que o termo vem do grego keras (córnea) junto com konos (cone). Desta forma, o formato redondo da córnea, normal, é substituído pelo formato de um cone saliente.
Assim, podemos definir o ceratocone como uma curvatura aumentada da córnea, quando o olho acaba ficando mais pontiagudo que o normal, resultando em uma diminuição considerável da visão, além das imagens borradas ou distorcidas que já mencionamos aqui.
A doença tem um fator genético bem definido, porém o ceratocone também pode estar associado às síndromes de Down, Turner, Ehlers-Danlos e Marfan.
Quais as causas do Ceratocone?
A resposta para esta pergunta não é tão simples, sobretudo porque ainda não conhecemos a causa exata da doença. Estudos sugerem, no entanto, que há diversos fatores que podem causar o ceratocone, incluindo:
Histórico familiar de ceratocone, que representa uma grande porcentagem dos casos;
Conjuntivite alérgica, porque coçar ou esfregar o olho com muita frequência, talvez seja a causa mais frequente de provocar o avanço do ceratocone
Ser portador das síndromes de Down, Turner, Ehlers-Danlos e Marfan;
Condições alérgicas favoráveis, como rinite, asma ou dermatite.
Quais os sintomas do Ceratocone? 
Como em toda doença, é fundamental entender os primeiros e principais sintomas do ceratocone, para assim começar o tratamento imediatamente, possibilitando uma melhora na qualidade de vida mais rapidamente.
Por isso é importante entender seus sintomas, que são:
Perda progressiva da visão é o sintoma mais facilmente notado;
Poliopia (quando há formação de múltiplas imagens);
Fotofobia, que é uma sensibilidade muito grande à luz, gerando um incômodo;
Comprometimento da visão noturna;
Formação de halos ao redor das fontes de luz;
Aparecimento de miopia e/ ou astigmatismo progressivo.
Qualquer um destes sintomas pode ser responsável pelo diagnóstico de ceratocone, e por isso nenhum destes deve ser negligenciado.
Ceratocone tem cura?
Esta é uma das primeiras perguntas que fazemos quando nos deparamos com um quadro de ceratocone. A resposta não é das melhores, pois de fato não há cura para a doença, que pode se prolongar ao longo da vida.
Porém podemos dizer que hoje em dia existem tratamentos que estabilizam o avanço da doença, regularizando a córnea e melhorando em muito a visão, permitindo o aumento da qualidade de vida da pessoa afetada.
Um dos fatores que fazem o tratamento ser mais eficiente é a descoberta precoce. Quanto mais cedo se encontrar o estágio do ceratocone, melhores serão os tratamentos e eles serão mais eficazes. Na fase inicial, o uso de óculos ou lentes pode ajudar. Mas, se a doença estiver em evolução, deve ser tratada com crosslink ou anel intraestromal.
Quais os tratamentos para o Ceratocone?
Independente do estágio que se encontra a doença, existem diversos tratamentos disponíveis, mas nem todos eles combatem o seu avanço da doença. Como por exemplo as lentes de contato, que corrigem a visão mas não impedem o avanço da doença. Vamos conhecer alguns deles:
Óculos
Os óculos são capazes de auxiliar na melhora temporária da acuidade visual do paciente, mas apenas daqueles que se encontram na fase inicial da doença.
Os óculos corrigem parte dos erros de refração da luz, que acontecem pelo formato anormal da córnea (como já falamos), provocado pela doença.
Lente de contato
As lentes de contato também tendem a ser eficazes no tratamento da correção da visão, mas só devem ser usadas, após o tratamento da doença ou em casos que o ceratocone esteja estável ( geralmente após os 35 anos de idade). Nesses casos elas são, inclusive, mais recomendadas que os óculos, pois atuam diretamente na córnea, melhorando a acuidade visual do paciente.
Há só de se destacar que não é qualquer lente de contato que pode ser utilizada no tratamento do ceratocone.
Crosslinking
Quando estamos diante de casos leves, algumas opções de tratamento são recomendadas. Iniciamos com orientações para diminuir telas eletrônicas, uso de antialérgicos, se existe alguma alergia ocular ou clínica como rinite, asma ou bronquite, brincar out door e tomar sol, prescrevemos vitamina B2 e se necessário um óculos. Se o ceratocone evoluir, passamos aos tratamentos cirúrgicos. Um deles é o crosslink corneano, uma das técnicas mais modernas , porém invasiva.
Trata-se de um procedimento cirúrgico, onde é feita a “raspagem” da córnea e a aplicação de algumas gotas de colírio de riboflavina (vitamina B2), para logo em seguida expor o olho a um feixe de luz ultravioleta A (UVA).
A ideia é que se estimule o fortalecimento das fibras de colágeno da córnea, deixando-a mais resistente.
Anel Intra corneano
Este procedimento, aprovado pelo FDA (Food and Drugs Administration) envolve o implante de um, dois ou três segmentos de acrílico entre as camadas da córnea, com a finalidade de aplaná-la e trazê-la à sua forma natural.
Diferentemente dos transplantes, os anéis intra estromais proporcionam correção imediata da baixa visual do paciente com ceratocone. Outros benefícios: rápido retorno às atividades cotidianas e uma visão mais natural em relação àquela fornecida pelo transplante de córnea.
O anel tem um design ideal para permanecer no olho, com baixo índice de expulsão deste anel da córnea. E suas vantagens são: estabiliza ou posterga a evolução do ceratocone, melhora a visão, e é uma cirurgia reversível e ajustável.
Transplante de córnea
O transplante é uma escolha defendida em último caso, somente, e depois que todas as outras possibilidades foram utilizadas, mas que não conseguiram deter o ceratocone.
A cirurgia de transplante pode ser feita de duas maneiras: penetrante, quando promove a remoção de toda a espessura da córnea; e lamelar: que envolve a remoção apenas de parte (algumas camadas) da córnea, preservando o endotélio corneano e reduzindo as chances de rejeição. O ceratocone mesmo após o transplante deve ser acompanhado, porque também pode recidivar.
Como se prevenir?
Já vimos aqui que o ceratocone é uma doença que não tem cura, mas possui tratamentos. Da mesma forma, não há um método de prevenção que seja 100% eficaz.
Entretanto há uma ação, muito simples, que pode fazer muita diferença para o controle e para o não agravamento da doença. Estamos falando do ato de esfregar os olhos com frequência, que favorece muito o surgimento e agravamento do ceratocone.
Isso acontece porque o trauma contínuo sofrido pelo olho vai aos poucos fragilizando e rompendo as fibras que mantêm a córnea estável.
Por isso que no topo de atitudes que podem te ajudar na luta contra a doença está a limpeza adequada dos olhos, e a eliminação de todos os fatores que levam a pessoa a sentir vontade de esfregar os olhos, ou coçá-los.
Conclusão
Vimos neste artigo que o ceratocone é uma doença ocular rara, hereditária, que não possui cura, mas que hoje possui diversos tratamentos eficientes.
Com algumas atitudes, como não coçar os olhos com frequência, além de exames regulares e muita atenção aos sintomas, podemos prevenir a progressão da doença e ter uma vida saudável, enxergando o mundo como ele merece ser enxergado: de forma nítida e transparente.
Quer entender mais sobre outras doenças oculares e tratamentos? Acesse outros conteúdos aqui do nosso blog e nos acompanhe nas redes sociais!
